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A História Natural e outras ruínas [The Natural history and other ruins]



solo show at Galeria Vermelho

São Paulo
2018



In Natural History and Other Ruins, Marcelo Moscheta observes transformations in the natural landscape whether manmade, made by himself as agent or by natural processes of erosion and sedimentation. The artist presents works in a variety of techniques giving these metamorphoses a monumental or iconographic character. By proportionately juxtaposing man and nature as motivators of these transformations, Moscheta humanizes nature, bringing it closer to a personalized spirit.

In the gallery’s main hall two opposing processes are present: on the ground, the work Melancholia, 2018, a series of bronze cast meteorites is organized as if a storm of atmospheric debris had fallen from the heavens, entered and occupied the space. On the wall, The Great Tree, 2014/2018, is a monumental drawing representing a trunk of a Red Cedar tree in real scale. The drawing has been fractioned in parts where some parts of its structure has been replaced by plates of processed wood. The artist suggests through representation evidence of the industrialization process of nature: the tree, separated different compartments for use by industry, construction and also art. The work itself repeats this process. The origin of this work, the drawing, was made for the Vancouver Biennale in Canada in 2014; and, through the now fractioned representation, Moscheta submits his own work to the design of progress.

This friction between the creative impulse of nature and the processual arrangements of man becomes evident in series of works such as The Time, 2018, and Still, 2018. In both series, pages of encyclopedias have excerpts of their text erased giving them a different character from the erstwhile scientific tone. These are pages that bring images of a brutal nature such as volcanic eruptions or residues of rocky materials after explosions. Attached to their frames, these pages become platforms that support elements processed from nature such as basilica rocks or concrete test bodies. The text of one of the images showing a volcanic eruption, reads: "And they also understood that nothing - no mountains, rivers, continents or seas - is eternal on Earth." Another passage reads: "... profoundly altered man's concept of himself, and his idea of his place in the world." These new poetic possibilities of the texts allow for another understanding of the original analytical / scientific descriptions.
The series that lends it title to the exhibition, The Natural History and Other Ruins, 2018, is composed of fragments of an encyclopedia from the 1970s describing the formation of the earth and the development of life on the planet. Entitled chapters (chapter 1, chapter 3, etc.), the works are organized in compositions of parts of the encyclopedia with photolytic images of a mining industry sided with sheets of oxidized steel which textures resemble the rocky mountain landscapes of the mining company. The suggestive titles of the Chapters in this series are evident in the compositions: "Evolution of the Species," "Domesticated Nature," "A Laboratory of Evolution."

The same mining company appears in Moscheta’s first experiment with a video installation, O engenho do mundo, 2018. In a black room, two monitors display images of this friction between human and natural processes: one of the monitors shows the mining company’s process of extraction and production of crushed stone; the other monitor shows a geyser in the Atacama desert where natural gases are expelled from the earth. The two monitors are arranged so that the two processes appear to be unfinished, opposing and converging in on one another.






[photos Edouard Fraipont]



A História Natural e outras ruínas 

exposição individual na Galeria Vermelho


São Paulo
2018





Em A História Natural e Outras Ruínas, Marcelo Moscheta observa as transformações na paisagem natural, sejam feitas pelo homem, por ele mesmo enquanto agente, ou por processos naturais de erosão e sedimentação. O artista apresenta obras realizadas em diferentes técnicas que dão à essas metamorfoses caráter monumental ou iconográfico. Ao justapor de maneira proporcional o homem e a natureza como motivadores dessas transformações, Moscheta humaniza a natureza, aproximando-a de um espírito personalizado.

Na sala principal da galeria, dois processos se opõem: no chão, a obra Melancholia, 2018, se organiza como uma série de meteoritos fundidos em bronze que tomam o espaço, como se houvesse havido ali uma tormenta aonde detritos tivessem se partido na entrada da atmosfera, se espalhando e tomando conta do espaço. Na parede, A Grande Árvore, 2014/ 2018, é um desenho de grandes proporções que representa um tronco de um Cedro Vermelho em escala real. O desenho foi fracionado em partes emolduradas em madeira e teve partes de sua estrutura substituídas por chapas dessa mesma madeira processada. Vemos aí, diferentes momentos do processo de industrialização da natureza representados: a árvore, sua compartimentação e seu processamento para uso pela indústria, pela construção civil e pela arte. O trabalho em si repete esse movimento de processamentos. O desenho original foi feito para a Bienal de Vancouver, no Canadá, em 2014. Moscheta submete sua própria obra, ou criação, ao desígnio do progresso.

Essa fricção entre o impulso criador da natureza e os processos de arranjo do homem ficam evidentes em obras como O Tempo, 2018, e Ainda, 2018. Em ambas, páginas de enciclopédias tiveram trechos de seus textos apagados, dando sempre ao texto remanescentes um caráter diferente do tom cientifico original. São páginas que trazem imagens de uma natureza brutal, como erupções vulcânicas ou resíduos de materiais rochosos pós estrondos. De suas molduras, surgem acoplados a elas, plataformas que sustentam elementos processados a partir da natureza, como rochas basílicas ou corpos de prova (concreto). O texto de uma das imagens, justamente aquela aonde vemos a erupção vulcânica, permite ler apenas “E compreenderam também que nada - nem montanhas, rios, continentes ou mares - é eterno na Terra”. Outra passagem diz: “...alterou profundamente o conceito que o homem fazia de si mesmo, e a ideia que tinha de seu lugar no mundo.” A nova possibilidade poética dos escritos permite entendimentos diversos no lugar do tom analítico/ científico original.

A série que dá título à exposição, A História Natural e Outras Ruínas, 2018, é composta por fragmentos de uma enciclopédia dos anos 1970 que narra a formação da terra e o desenvolvimento da vida no planeta. Nomeados como capítulos (capítulo 1, capitulo 3, etc) os trabalhos se organizam em composições de partes da enciclopédia com fotografias em fotolitos de uma indústria mineradora e chapas de aço oxidado, cuja textura lembra aquela das paisagens de montanhas de brita da mineradora. Os títulos dos capítulos da enciclopédia, que aparecem de maneira bastante evidente nas composições, são sugestivos: “Evolução das espécies”, “A natureza domesticada”, “Um laboratório da evolução”.

A mesma mineradora aparece na primeira experiência de Moscheta com uma vídeo instalação, O engenho do mundo, 2018. Em uma sala negra, dois monitores exibem imagens dessa fricção entre os processos humanos e naturais. Em um deles, a mineradora e todos os seus processos de extração e produção de brita. No outro, um gêiser no deserto do Atacama mostra a produção de gases sendo expelida da terra. Os dois monitores são arranjados de tal maneira que os dois processos parecem sem completar, se opor e convergir um no outro.