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Central Plateau, Year Zero


drawing on expanded PVC, iron and marble engraving
230 x 400 x 250 cm
2015



In Central Plateau, Year Zero, Marcelo Moscheta visits a recurring concern of his work: the archival footage appropriation to discuss the notions of history, territory and landscape as constructed speeches. On a trip to Brasilia, the artist conducted a survey in the Lucio Costa Institute files. He noted that the president Juscelino Kubitschek and Oscar architects Niemeyer and Lucio Costa appeared in a series of images to official propaganda side of billboards to promising Brasilia as "City of the Future".

In the midst of these very similar photographs, it was another, whose author is not identified, and pointing in the opposite direction from the official discourse of the time. The sign with the word "Zero", stuck in the middle of wasteland has been transformed into a vector for the artist pointed to a breakdown of a cycle of dreams. Brasilia emerges from this black and melancholic drawing as a place where utopias did not materialize or were gradually transformed into ruins.

Moscheta uses the structure of a rough and precarious outdoor structure to show that this is an anti-image in many ways. He thoroughly redraws the photo found in the file, winning monumentality. But, as has been happening in his work, the design is made of deletions. A graphite layer is spread by the black surface and instead of drawing in pencil (which only occurs in small details), the artist erases the surface so that the image appearing go slowly.

Marble slabs, material most used by Niemeyer inside the capital's palaces, make up the installation, and bring recorded the latitude and longitude of the buildings that are power centers in the city, as the National Congress and the Presidential Palace.

This Brasilia which is ruin the future also appears as a graveyard of dreams, haunted by this ghostly landscape design, but also engaging and seductive. It is important to note that in developing this design technique, which goes erasing instead to tracing, Moscheta performs a poetic summary of his work. He started as a recorder, and there is the removal of material from the mirror surface a clear relationship with this seminal activity. In addition, the removal of graphite layers, so that other symbolic meaning and layers to surface, is very similar to the mechanisms of our memory, editing the events, leaving only those assets that are essential to our routine.

Moscheta shows that these memories stored are not and never will be an archive. They are alive and well, and transform memory into an space-time ellipse, which can be experienced and constantly reinvented.



Daniela Name





Planalto Central, Ano Zero


desenho a grafite sobre PVC expandido, ferro e gravação em mármore
230 x 400 x 250 cm
2015



Em Planalto Central, Ano Zero, Marcelo Moscheta revisita uma recorrente preocupação de seu trabalho: a apropriação de imagens de arquivo para discutir as noções de história, território e paisagem como discursos construídos. Em uma viagem a Brasília, o artista realizou uma pesquisa nos arquivos do Instituto Lucio Costa, observando que o presidente Juscelino Kubitscheck e os arquitetos Oscar Niemeyer e Lucio Costa apareciam em uma série de imagens para propaganda oficial ao lado de outdoors que prometiam Brasília como “cidade do futuro”.

Em meio a estas fotografias bastante semelhantes, estava outra, cujo autor não é identificado, e que aponta para o sentido oposto do discurso oficial da época. A placa com a palavra “Zero”, fincada no meio do descampado, foi transformada em vetor para que o artista apontasse para um esgotamento de um ciclo de sonhos. Brasília emerge deste desenho negro e melancólico como um lugar em que as utopias não se concretizaram, ou foram paulatinamente transformadas em ruína.

Moscheta se utiliza da estrutura de um outdoor tosco e precário para mostrar esta que é uma anti-imagem, em muitos sentidos. Ele redesenha minuciosamente a foto encontrada no arquivo, que ganha monumentalidade. Mas, como vem acontecendo em sua obra, o desenho é feito de apagamentos. Uma camada de grafite é espalhada pela superfície negra e, em vez de traçar a lápis (o que ocorre apenas em pequenos detalhes), o artista apaga a superfície para que a imagem vá aparecendo aos poucos. 
Placas de mármore, material mais usado por Niemeyer no interior dos palácios da capital, compõem a instalação, e trazem gravadas a latitude e a longitude dos prédios que são centros de poder na cidade, caso do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

Esta Brasília que é ruína do futuro também aparece como um cemitério de sonhos, paisagem assombrada por este desenho fantasmagórico, mas também envolvente e sedutor. É importante observar que, ao desenvolver esta técnica de desenho, que apaga em vez de traçar, Moscheta realiza uma síntese poética de seu trabalho. Ele começou como gravador, e há na retirada de material da superfície espelhada uma relação clara com esta atividade seminal. Além disso, a supressão de camadas de grafite, para que outras camadas simbólicas e de significado venham à tona, é muito semelhante aos mecanismos de nossa memória, que edita os acontecimentos, deixando ativos apenas aqueles que são essenciais para nossa rotina.

Moscheta evidencia que estas lembranças guardadas não são e nem nunca serão um arquivo morto. Estão bem vivas, e transformam a memória em uma elipse de espaço-tempo, que pode ser experimentada e reinventada constantemente.


Daniela Name